O Supremo Tribunal Federal do Brasil foi evacuado enquanto a Polícia Federal invade a área para investigar o ataque noturno.
A polícia federal no Brasil está investigando depois que duas explosões abalaram o coração da capital do país, Brasília, a poucos passos do Supremo Tribunal Federal (STF).
Pelo menos uma pessoa foi morta. O próprio tribunal foi evacuado, pois nuvens de fumaça e fogo eram visíveis do ar.
Após o incidente, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, conversou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diretor-geral da Polícia Federal e líderes do governo do Distrito Federal, de acordo com o comunicado de imprensa do tribunal.
“No final da sessão [da Suprema Corte] na quarta-feira, dois estrondos altos foram ouvidos e os ministros foram removidos com segurança do prédio”, disse o tribunal em um comunicado à imprensa.
Em um comunicado separado, a polícia federal indicou que enviou um grupo de intervenção rápida e um esquadrão de controle antibombas para a área, conhecida como Praça dos Três Poderes de Brasília.
Essas unidades, explicou, estavam encarregadas de “realizar ações iniciais de segurança e analisar o local”.
“Um inquérito policial será aberto para investigar o ataque”, acrescentou a Polícia Federal.
A mídia local informou que as explosões ocorreram perto da Suprema Corte e ao longo de uma rua perto de um prédio anexo, onde um carro estava estacionado. Algumas testemunhas disseram que viram fumaça saindo do porta-malas do carro antes da segunda explosão em frente ao tribunal.
Nenhum motivo foi divulgado ainda no incidente de quarta-feira, nem um suspeito foi identificado.
Mas Celina Leão – vice-governadora do Distrito Federal, onde fica a capital – disse que pelo menos uma das explosões coincidiu com um indivíduo desconhecido se aproximando das portas do Supremo Tribunal Federal. Ela indicou que ele era o mesmo homem morto na explosão.
“Um cidadão se aproximou da Suprema Corte, onde tentou entrar no prédio, mas não conseguiu prosseguir. E então a explosão aconteceu na porta”, disse Leão à mídia em uma coletiva de imprensa.
Após o incidente, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, conversou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diretor-geral da Polícia Federal e líderes do governo do Distrito Federal, de acordo com o comunicado de imprensa do tribunal.
Outros funcionários do governo expressaram sua preocupação e alarme à imprensa.
“Lamento que alguém tenha morrido”, disse o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, à CNN Brasil. “Obviamente, expressamos todas as nossas emoções, nossa solidariedade. Lamentamos, sem conhecer nenhuma das circunstâncias.”
A Praça dos Três Poderes é a sede do governo federal do Brasil: contém o palácio presidencial, edifícios para ambas as câmaras do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
A Câmara dos Deputados, que estava em sessão durante as explosões, anunciou que suspenderia suas atividades até que a segurança pudesse ser restaurada.
Em declarações à Al Jazeera, a jornalista brasileira Monica Yanakiew observou que as explosões aconteceram dias antes de uma grande conferência internacional para o fórum econômico do Grupo dos 20 (G20) na cidade do Rio de Janeiro no final deste mês.
“Está acontecendo pouco antes de o Brasil sediar a cúpula do G20 com 55 delegações de 40 países diferentes e 15 organizações internacionais”, disse Yanakiew. “As pessoas estão preocupadas com isso por causa do momento.”
Ela também apontou que a arquitetura da Praça dos Três Poderes a torna particularmente vulnerável.
“Em Brasília, a geografia diz que o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e o palácio presidencial, são todos prédios de vidro, que estão um ao lado do outro. Qualquer explosão pode ser muito prejudicial”, explicou Yanakiew.
A Praça dos Três Poderes também tem sido alvo de violência política nos últimos anos. Em 8 de janeiro de 2023, por exemplo, milhares de manifestantes invadiram a praça, saqueando os prédios do governo e entrando em confronto com as autoridades policiais.
O motim foi amplamente visto como um ataque à democracia, pois ocorreu poucos dias após a posse do presidente Lula. Ele descreveu o incidente como um “golpe” e culpou seu antecessor, o líder de extrema-direita Jair Bolsonaro, por espalhar falsas alegações de interferência eleitoral antes de sua derrota.
O próprio Supremo Tribunal Federal tem sido alvo de reações desde que abriu uma investigação sobre Bolsonaro e seus aliados por seu papel no motim de 2023.
No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – a mais alta autoridade eleitoral do Brasil – proibiu Bolsonaro de ocupar cargos públicos até 2030 por abusos de poder enquanto presidente.
Apoiadores do ex-presidente de extrema-direita, no entanto, direcionaram sua ira a figuras como Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal que também foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral até junho deste ano.
De Moraes liderou as investigações sobre o ataque de 2023 à Praça dos Três Poderes e pediu a suspensão da empresa de mídia social X depois que ela não cumpriu as ordens judiciais. Essa suspensão já foi suspensa.
Mas em um protesto anunciado como um comício pela liberdade de expressão em setembro passado, Bolsonaro acusou De Moraes de viés político e de ultrapassar sua autoridade.
“Espero que o Senado Federal freie Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil do que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, disse ele à multidão.
Fonte: Al Jazeera