Prefeito veta projeto que daria mais transparência às filas da saúde em Sorocaba

Prefeito veta projeto que daria mais transparência às filas da saúde em Sorocaba

Mesmo com aumento nas filas do SUS municipal, prefeito alega “contrariedade ao interesse público” e veta proposta de Dylan Dantas que ampliaria o controle social sobre o sistema de saúde.

Em decisão que causou perplexidade entre pacientes e defensores da transparência na administração pública, o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, vetou integralmente o Projeto de Lei nº 157/2025, de autoria do vereador Dylan Dantas (PL), que previa a divulgação mensal, detalhada e acessível das filas de espera para consultas, exames e cirurgias eletivas na rede municipal de saúde. O detalhe é que o projeto foi aprovado por unanimidade entre os vereadores.

O veto, publicado oficialmente em 23 de maio, classificou a proposta como “contrária ao interesse público”. A justificativa do Executivo alega que a proposta “invade competência privativa do prefeito”, ao estabelecer conteúdos mínimos, prazos e formas de publicação das informações, o que, segundo o veto, implicaria interferência legislativa na organização administrativa da Prefeitura.

Contudo, o projeto de lei não criava cargos nem alterava a estrutura interna da administração municipal. Apenas ampliava o acesso da população a dados já existentes, como o número de pacientes por especialidade, tempo médio de espera e estimativa de atendimento. Em um momento em que as filas de espera têm dobrado nos últimos anos, conforme relatos da própria população, a proposta buscava justamente dar visibilidade ao problema para auxiliar na busca de soluções concretas.

O veto do prefeito, por contrariedade ao interesse público, significa que ele, como chefe do Poder Executivo, discorda de uma lei e, portanto, recusa-se a aprová-la. Essa discordância é fundamentada na crença de que a lei não atende aos interesses da comunidade e, portanto, é prejudicial ao bem-estar social.

“Mas como pode ser contra o interesse público uma proposta que assegura ao cidadão o direito de saber onde está na fila do SUS?”, ressaltou Dylan Dantas.

Além disso, o prefeito alega que a divulgação da distribuição geográfica dos pacientes poderia gerar risco à privacidade, ignorando que o projeto previa a anonimização dos dados por senha e que esse tipo de informação, quando devidamente tratada, é amplamente utilizada em políticas públicas sérias.

O vereador reagiu com indignação ao veto: “É no mínimo contraditório que, em um cenário de filas crescentes e reclamações constantes da população, a transparência seja considerada um problema. O cidadão tem o direito de saber quanto tempo vai esperar por uma consulta. O que está sendo protegido com esse veto não é o interesse público, é a opacidade da gestão”.

A proposta agora retorna à Câmara Municipal, que pode, por maioria absoluta, derrubar o veto do Executivo. Para Dylan Dantas, essa é a expectativa: “Transparência não é invasão de competência, é obrigação constitucional. Espero que meus colegas vereadores se unam para garantir à população aquilo que ela mais precisa: dignidade, respeito e informação.”

Adriana Massa

Assessora Parlamentar – Vereador Dylan Dantas