Uma das missões da pasta é preparar o indivíduo típico do poder público para atender os atípicos e conscientizar a sociedade para uma convivência harmônica em que todos sejam incluídos.
Nos dias atuais, muito se fala sobre a importância da diversidade – seja de gênero, cultural, religiosa ou social. Contudo, a diversidade de mente, ainda pouco discutida, começa a ganhar destaque em Cotia, cidade que se tornou pioneira no Brasil ao criar a Secretaria da Mulher, Neurodiversidade e Inclusão Social. A nova pasta tem como missão garantir a inclusão de indivíduos neurodivergentes em todas as esferas da sociedade, promovendo conscientização e capacitação tanto do poder público quanto da população.
A inclusão de indivíduos Neurodivergentes
A criação da Secretaria da Mulher, Neurodiversidade e Inclusão Social foi idealizada por Welington Formiga, que destacou a importância de abordar a neurodiversidade com um olhar inclusivo e voltado à melhoria da qualidade de vida das pessoas neurodivergentes. O prefeito ressaltou que a saúde mental é o debate central do século XXI e afirmou que o poder público precisa ser defensor da inclusão. “A saúde mental não é uma questão de ‘ser louco’, mas algo fundamental para todos nós. Este governo entende que devemos cuidar dos nossos colaboradores para que possam atender bem à população”, disse Formiga.
Missão da Secretaria: conscientização e inclusão
Sob a liderança da psicóloga e pedagoga Solange Aroeira, especialista em neurodiversidade, autismo e educação especial, a secretaria tem como prioridade a conscientização sobre a neurodivergência. Solange explicou que a missão é olhar para as potencialidades dos indivíduos neurodivergentes, preparando a sociedade e o poder público para convivência harmônica. “A neurodiversidade não deve ser vista apenas como uma questão identitária, como no caso do TDAH. Precisamos entender que a diversidade de cérebros é uma riqueza e cada indivíduo tem algo valioso a oferecer”, afirmou.
Integração com a Inclusão Social e Direitos Humanos
A integração da neurodiversidade com a inclusão social é estratégica, pois ambas estão intimamente ligadas aos direitos humanos e à cidadania. Solange destacou que o objetivo é garantir que as pessoas neurodivergentes tenham o seu lugar na sociedade, sem serem estigmatizadas. “A sociedade precisa compreender que cada cérebro funciona de maneira única, com suas dificuldades e potencialidades, e que todos devem ser vistos como cidadãos plenos”, afirmou.
Primeiras Ações da Secretaria: conscientização e apoio à Saúde Mental
Uma das primeiras ações práticas da nova pasta foi a participação na ‘Campanha Janeiro Branco’, que visa promover o debate sobre saúde mental. Durante o evento, especialistas se reuniram para palestrar sobre temas relacionados à saúde mental e à inclusão de pessoas neurodivergentes. Solange enfatizou que a prioridade, neste momento, é a conscientização e o apoio, já que a falta de inclusão pode levar a sérios problemas de saúde mental, incluindo o risco de suicídio.
Desafios e Avanços na Inclusão
A criação da secretaria surgiu a partir do reconhecimento de que, embora as pessoas neurodivergentes sempre tenham existido, os avanços científicos permitiram uma identificação mais precisa das condições. No entanto, Solange alertou que patologizar todos os casos não é a solução. “A sociedade quer ‘curar’, mas precisamos entender que a verdadeira solução é a convivência harmoniosa e a aceitação da diversidade. O objetivo é criar um espaço para todos, com respeito às diferenças e ao que cada indivíduo tem a oferecer”, concluiu.
SECOM Cotia