Retorno das revistas: a busca por leitura de qualidade e os prazeres táteis do impresso

Entre o digital e o analógico, as revistas impressas ressurgem com todo o charme e profundidade que só o papel oferece. Uma viagem no tempo e na informação. 

O retorno das revistas impressas traz de volta o prazer tátil da leitura. Quem mais sente falta de folhear páginas com conteúdo aprofundado? 

O universo digital, embora envolvente e viciante, lentamente tem disputado espaço com um antigo hábito que aproxima o leitor de seu objeto de uma forma mais íntima: a leitura de revistas impressas. Sucesso absoluto nos anos 80 e 90, as revistas eram aguardadas com expectativa, paixão e curiosidade. Era prazeroso tocar a capa da publicação, ler atentamente as manchetes, sentir o perfume do papel e folhear as páginas repletas de publicidade criativa. Ao que parece, esse ritual da leitura tem conquistado cada vez mais novos adeptos.

Em 2024 e 2025, algumas revistas foram lançadas ou retornaram, como a Capricho, que retornou às bancas em dezembro de 2024. A revista Esquire também lançou sua edição brasileira em março de 2025. Além disso, a revista The Economist lançou sua edição especial anual, “The World Ahead 2025”, que prevê o cenário mundial para o próximo ano.

Essa tendência foi apontada por sites como The Times (Por que a mídia impressa está voltando dos mortos), Folha de S. Paulo (“Revistas impressas são item de luxo e nostalgia para leitores”), Meio & Mensagem (“Por que algumas revistas femininas estão voltando ao impresso?”), entre outros.

Queda do consumo

O declínio das revistas teve início com a ascensão da internet e a migração de leitores ávidos pelo “dragão digital” da informação, que fornecia qualquer assunto de forma gratuita apenas a um clique. Como não se deixar seduzir por tamanha tecnologia das páginas da web?

Da mesma forma, a publicidade, fonte crucial para a sobrevivência das revistas, também teve que se adaptar e transacionar para as páginas digitais. Isso interrompeu ou reduziu drasticamente a produção das revistas, limitando-as a tiragens mínimas e cada vez mais agonizantes.

A ressurreição

A nostalgia pelo analógico está cada vez mais agregando novos adeptos para os hábitos de consumo de informação. Cansados da avalanche digital, muitas vezes rasa, voraz e superficial, leitores buscam por aprofundamento e assuntos interessantes. Atentas a essa tendência, muitas editoras retomam publicações, lançam novas ou cogitam aumentar tiragens das que sobreviveram.

Leitores procuram por textos criativos, fundamentados e investigativos, que se aprofundam em seus temas de interesse. Querem “respirar” além da bolha aprisionante dos temas regurgitados pelos algoritmos das redes sociais. Há procura por leituras produtivas, designs criativos, fotos autorais reais, além da sensação única de uma leitura a seu tempo, do toque das páginas e aquele perfume único que nos inebria de informação inteligente.

Publicidade

Entre o digital e o analógico, as revistas impressas ressurgem com todo o charme e profundidade que só o papel oferece. Uma viagem no tempo e na informação.

Para nós, profissionais de comunicação, vale atentar para a diferença entre as duas formas de comunicação, on-line e off-line. Enquanto no digital temos a possibilidade de notícias rápidas e objetivas, e às vezes, análises mais extensas, com a possibilidade de incluir elementos multimídia, como vídeos e imagens. No impresso temos textos mais longos e aprofundados sem a disputa com pop ups ou mensagens vindas por WhatsApp inundando as telas. Em relação à publicidade temos uma experiência mais tangível e duradoura, com alcance limitado e custos diferenciados.

Por: Raquel Duarte

Jornalista e Professora nos Cursos de Comunicação do Centro Universitário – Unifieo