Seu patrimônio está em jogo — e o tabuleiro mudou. A reforma tributária elevou o ITCMD e trouxe novas peças como IBS e CBS. Quem não adaptar sua estratégia, perde — e caro.
Imagine seu patrimônio como um tabuleiro de xadrez
As peças são seus bens: imóveis, empresas, investimentos, marcas, participações. Até pouco tempo, o jogo era previsível — as regras tributárias mudavam pouco e havia tempo para pensar no próximo movimento.
Agora, duas novas peças surgiram no tabuleiro e uma antiga foi promovida: IBS, CBS e ITCMD (este último já existente, mas agora mais poderoso). Elas não apenas mudam as jogadas, mas também redefinem a forma de vencer.
A peça promovida: ITCMD
O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação era visto como um peão. Pequeno, previsível, com alíquotas moderadas. Mas, na reforma tributária, ele foi promovido: agora pode alcançar até 8% (ou mais, dependendo do estado), dobrando o custo de transferir patrimônio para herdeiros.
Se você deixar para agir no “xeque-mate” (inventário), vai perder parte significativa do que construiu.
A segunda peça: IBS
O Imposto sobre Bens e Serviços substitui ICMS e ISS, criando um sistema de IVA.
É como transformar duas peças diferentes em uma torre mais poderosa, mas que pode se mover de forma implacável.
O IBS muda a forma como empresas pagam e compensam impostos, exigindo uma coordenação estratégica entre todas as empresas e operações do grupo.
A terceira peça: CBS
A Contribuição sobre Bens e Serviços assume o lugar de PIS e Cofins.
Sozinha, pode parecer uma peça lateral, mas, combinada com o IBS, cria um ataque duplo sobre o consumo e a receita das empresas.
Se você não estiver preparado, pode perder vantagem competitiva apenas por não ter estruturado a contabilidade de forma integrada.
A jogada vencedora: a Holding
A holding é como a rainha no xadrez: versátil, poderosa e capaz de proteger e atacar ao mesmo tempo.
No contexto dessa nova configuração tributária, ela oferece:
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Proteção contra a alta do ITCMD, ao permitir a transferência de quotas antes do aumento das alíquotas.
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Centralização da gestão fiscal para lidar com IBS e CBS de forma unificada.
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Cláusulas protetivas que impedem a dilapidação do patrimônio em disputas.
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Economia de tempo e recursos, ao evitar inventários judiciais longos e caros.
Estratégia avançada: pensar 3 jogadas à frente
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Integralize agora: transfira bens para a holding antes do aumento do ITCMD.
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Distribua quotas com cláusulas que garantam controle e segurança.
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Unifique a gestão para maximizar créditos de IBS e CBS, evitando bitributação.
Exemplo real de “xeque-mate fiscal”
Uma família empresária com R$ 15 milhões em patrimônio imobiliário e participação em três empresas teria:
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Sem holding, após alta do ITCMD: imposto de R$ 1,2 milhão + inventário que pode custar até R$ 1,5 milhão.
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Com holding, antes da alta: imposto de R$ 600 mil, sem inventário, com gestão fiscal otimizada para IBS e CBS.
Economia potencial: R$ 2,1 milhões — equivalente a comprar outro imóvel de alto padrão.
Conclusão: não é só um jogo
A reforma tributária não é apenas uma mudança de regras — é uma troca de tabuleiro.
Quem continua jogando como antes, perde.
Quem antecipa movimentos, ajusta a estratégia e usa a holding como peça central, não só protege o que tem, mas também abre caminho para crescer em meio à tempestade fiscal.
O relógio está correndo.
No jogo do patrimônio, as próximas jogadas definem o vencedor.
Por: César Macedo Ramos
Sócio fundador do escritório Macedo & Ramos Sociedade de Advogados desde 2014, advogado especializado em Planejamento e Gestão Patrimonial, Direito dos Contratos, Direito Processual Civil e Direito Imobiliário.
Jornalista responsável: Soraya Simón