Levantamento do instituto Paraná Pesquisas ouviu 2.018 eleitores em todo o país entre os dias 7 de 10 de janeiro; margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
A maioria dos brasileiros (53,1%) aprova a política “linha-dura” do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para a Polícia Militar (PM), segundo levantamento divulgado pelo instituto Paraná Pesquisas nesta terça-feira (14).
O índice de entrevistados que desaprovam a estratégia de Tarcísio é de 25,7%, de acordo com a pesquisa. Outros 21,2% não souberam responder ou não opinaram acerca do tema.
O questionamento feito pelo instituto aos entrevistados foi o seguinte: “De uma maneira geral o(a) Sr(a) diria aprova ou desaprova a política linha dura do Governador Tarcísio de Freitas para a polícia militar do Estado de São Paulo?”
Foram ouvidos 2.018 eleitores em 26 estados e no Distrito Federal entre os dias 7 e 10 de janeiro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
Percepção de violência
O instituto avaliou também a percepção dos entrevistados quanto a PM de São Paulo ser mais violenta do que a corporação de outros estados do país (veja os detalhes no gráfico abaixo).
Mortes por PMs crescem
Segundo levantamento do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público de São Paulo, as mortes por intervenção policial no estado cresceram cerca de 98% durante os dois primeiros anos do governo Tarcísio.
Entre janeiro e novembro de 2022, último ano da gestão anterior da Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram 355 ocorrências. No mesmo período de 2024, segundo ano da gestão de Guilherme Derrite, o número saltou para 702 mortes.
Casos de violência policial
Na madrugada do dia 20 deste mês, o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta foi morto por um policial militar após uma abordagem em um hotel no bairro da Vila Mariana, zona sul da capital paulista.
Segundo o boletim de ocorrência obtido pela CNN, os policiais atenderam uma chamada no local e relataram que Marco Aurélio estava “bastante alterado, agressivo, e resistiu à abordagem policial, entrando em vias de fato com a equipe.”
Durante o confronto, ainda segundo o documento, Marco Aurélio teria tentado pegar a arma de um dos policiais.
O soldado, então, disparou contra o estudante. A versão contada pelos PMs não condiz com as imagens das câmeras de segurança do hotel, que mostram que o estudante não tentou pegar o revólver do policial.
Em novembro, imagens de câmeras de segurança mostraram que o jovem negro Gabriel Renan da Silva Soares foi executado pelas costas pelo policial militar Vinicius de Lima Britto em um mercado da zona sul da cidade.
A versão inicial apresentada pelo PM era de que o jovem teria feito menção de estar armado, o que, na versão dele, justificaria os disparos. Um atendente do mercado corroborou essa narrativa, alegando que Gabriel teria dito: “Não mexe comigo, que estou armado, não quero nada do que é seu.”
Entretanto, as imagens mostram que o jovem, que havia acabado de furtar itens de limpeza, escorregou quando tentou sair correndo do mercado e que em nenhum momento fez menção de estar armado. Nas imagens, também é possível concluir que não houve diálogo, e que o policial acertou a vítima pelas costas.
Em 2 de dezembro, um vídeo flagrou um policial militar jogando um homem de uma ponte na zona sul de São Paulo. Segundo informações, o caso ocorreu no bairro da Vila Clara, na região de Cidade Ademar. Os 13 agentes envolvidos na ação foram afastados.
Mãe de Marco Aurélio pediu demissão de Derrite
A mãe do estudante de medicina que foi morto por um policial militar na Vila Mariana chegou a enviar uma carta aberta a Tarcísio pedindo a demissão de Guilherme Derrite.
No documento, Silvia Prado faz diversas críticas ao governador, ao secretário de Segurança Pública e ao comandante-geral da Polícia Militar, Coronel Cássio Araújo de Freitas.
Ela classificou o homicídio de seu filho como “cruel e covarde” e escreve que o governador defende o indefensável, que seria a manutenção de Derrite e Cássio de Freitas em seus cargos.
“Tu tens que entender que esse Derrite está te arrastando a uma vergonha nacional e mundial“. Silvia afirmou que as práticas criticadas da PM já estão “nas veias da tropa, que se espelha em Derrite”.
A mulher também disse que testemunha outras mães que choram e sofrem muitos anos por Justiça pelas mortes de seus filhos em ações de policiais militares.
“Você nunca vai entender a dor tão grande que a morte de um filho causa na alma que fica à deriva, onde os sonhos se destroem e até respirar custa”, desabafa a mãe.
No final do documento, Silvia pediu a demissão imediata de Guilherme Derrite e do Coronel Cássio de Freitas, além da expulsão dos PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado, denunciados pela morte do estudante de medicina.
Ela ainda solicitou que o governador faça uma desculpa pública as mães que tiveram os filhos mortos pela Polícia Militar de São Paulo.
*Com informações de Rafael Saldanha, Rafael Villaroel e Thomaz Coelho, da CNN, em São Paulo