Com a escalada dos ataques, será este um anúncio do fim do regime iraniano?

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu no domingo a possibilidade de uma mudança de regime no Irão, horas depois dos ataques a três instalações nucleares iranianas.

Nas últimas horas, Israel lançou ataques descritos como os mais violentos desde o início da guerra, visando instalações nucleares, centros vitais e locais soberanos no coração da capital iraniana, Teerão.

O ministro israelita da Defesa, Israel Katz, anunciou que os ataques visavam locais “afiliados ao regime” com “uma força sem precedentes”, enquanto a agência noticiosa Mehr confirmou que a Universidade Shahid Beheshti, uma instituição de ensino central que inclui laboratórios científicos e sedes de investigação nuclear sensíveis, estava entre os alvos.

Os ataques visaram igualmente os portões da prisão de Evin, uma das mais importantes prisões do Irão, onde se encontram detidos dissidentes e criminosos comuns.

Os ataques atingiram a principal rede elétrica de Teerão, levando a cortes de energia generalizados, que os observadores consideraram um ataque psicológico destinado a enfraquecer o prestígio do regime perante os cidadãos.

Trump: Chegou a hora da “mudança de regime”?

Num comentário controverso após os ataques dos EUA às instalações nucleares iranianas, o presidentedos EUA, Donald Trump, deu a entender que poderá ser o momento certo para uma mudança de regime no Irão, afirmando: “Não é politicamente correto usar o termo mudança de regime, mas se o atual regime iraniano não for capaz de tornar o Irão grande de novo, porque não mudar de regime?”

Esta declaração marca uma mudança em relação à posição oficial expressa pelo secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth e pelo vice-presidente J.D. Vance, que sublinharam que a operação militar “não tem como objetivo derrubar o regime”, mas sim minar as suas capacidades nucleares e militares.

Israel: O nosso objetivo é manter o Irão no caos

O porta-voz militar israelita Mike Tobin afirmou que o objetivo do seu país na guerra contra o Irão é “manter o Irão num estado de caos”. As forças israelitas têm como alvo os comandantes e os lançadores de mísseis para impedir o Irão de “reagrupar as suas operações”, afirmou, referindo-se a uma estratégia de desgaste global que mina os pilares do regime.

Um apelo à “revolta total”

Anteriormente, Reza Pahlavi, antigo príncipe herdeiro do Irão e filho mais velho do Xá do Irão, apelou aos iranianos para que organizassem uma revolta total para derrubar o regime, afirmando: “A República Islâmica está acabada e está a caminho de cair. Uma revolta em massa é tudo o que é necessário para acabar com este pesadelo coletivo de uma vez por todas”.

Acrescentou ainda que o Irão não entrará numa fase de caos ou de guerra civil após a queda do regime, encorajando o povo a “retomar o país” com todos os seus espetros.

 

Manifestantes gritam palavras de ordem enquanto seguram um cartaz do líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, no Irão, domingo, 22 de junho de 2025AP Photo

Redes de espionagem

Nos últimos dias, as autoridades iranianas anunciaram a detenção de dezenas de pessoas naquilo que dizem ser “redes de espionagem” que trabalham a favor de Israel. No entanto, a frequência destes anúncios, juntamente com o facto de visarem centros de segurança chave, reflete uma fragilidade sem precedentes na estrutura de segurança e de informação do regime.

Será que o regime ainda tem capacidade para sobreviver?

Apesar das repetidas declarações dos líderes iranianos sobre a “resposta decisiva” e a “luta pela vitória”, os factos no terreno indicam que o regime se encontra numa posição defensiva, no meio de uma tensão popular crescente, de uma grande exposição da segurança e de perdas sucessivas. Teerão ainda dispõe de instrumentos de controlo e de manobra política, mas as mudanças recentes mostram que o desafio já não é externo, mas interno e fundamental. Com a aceleração dos acontecimentos no terreno, a questão está a ser colocada com uma seriedade sem precedentes: Estarão os dias do regime iraniano contados?

Por: Europeus