Avenida Faria Lima, famoso centro financeiro do país, concentra 42 alvos de megaoperação contra PCC

Policiais fazem busca e apreensão em um dos prédios alvos da Megaoperação na Avenida Brigadeiro Faria Lima — Foto: David Irikura/TV Globo

Só em um dos prédios da avenida, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão. Policiais apreenderam documentos, computadores em empresas, corretoras e fundos de investimentos, as chamadas fintechs.

A Avenida Brigadeiro Faria Lima, na Zona Oeste de São Paulo, um dos principais centros financeiros do país, reúne 42 dos 350 alvos da megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), realizada nesta quinta-feira (28) em oito estados.

De acordo com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público (MP), a facção criminosa se infiltrava em instituições financeiras e adquiria postos de combustíveis para lavar dinheiro, como o obtido com o tráfico de drogas. Foram cometidos crimes contra a ordem econômica, fraude fiscal e estelionato a partir da adulteração de combustíveis.

Só em um dos prédios da Faria Lima, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão. Policiais apreenderam documentos, computadores em empresas, corretoras e fundos de investimentos, as chamadas fintechs.

A Justiça também determinou o cumprimento de mandados de prisões. A operação corre em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Segundo a investigação, com esse esquema, o PCC adquiriu mais de R$ 30 bilhões em bens patrimoniais no Brasil, como ações em fintechs, propriedades em fazendas de cana-de-açúcar e postos de combustíveis.

Por causa disso, R$ 7,6 bilhões deixaram de ser declarados em São Paulo, segundo a Receita Federal. A sonegação fiscal também foi verificada em outros estados.

Além da Receita Federal, também participam da megaoperação a PF e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de São Paulo, entre outros Ministérios Públicos dos demais estados. Esses órgãos contam com o apoio da Polícia Militar (PM) e da Polícia Civil locais.

A megaoperação é a junção de três operações: Carbono Oculto, do MP, e Quasar e Tank, da PF. Promotores e policiais integram uma força-tarefa que visa desarticular o envolvimento do PCC no esquema criminoso.

Segundo as autoridades, a facção controlava a cadeira produtiva de combustíveis, desde a sua produção em fazendas de cana, até o momento que “batizava” gasolina com metanol. Depois aplicava o dinheiro do esquema criminoso em investimentos financeiros.

Policiais fazem busca e apreensão em um dos prédios alvos da Megaoperação na Avenida Brigadeiro Faria Lima — Foto: David Irikura/TV Globo

Quem sai prejudicado nisso é consumidor, que pagava por combustível adulterado em seu veículo. Para ter acesso às fazendas, postos e fintechs, o PCC usava “laranjas”, pessoas contratadas para se infiltrar e participar da fraude.

A principal fintech atuava como banco paralelo da organização e movimentou sozinha R$ 46 bilhões não rastreáveis no período.

Esquema de controle de fundos e fintechs da Faria Lima controlados pelo PCC, segundo a Receita Federal. — Foto: Reprodução/Receita Federal

Segundo a Receita Federal, “a maioria desses postos tinha o papel de receber dinheiro em espécie ou via maquininhas de cartão e transitar recursos do crime para a organização criminosa por meio de suas contas bancárias no esquema de lavagem de dinheiro. Somente entre 2020 e 2024, foram importados mais de R$ 10 bilhões em combustíveis pelos investigados”.

“As formuladoras, as distribuidoras e os postos de combustíveis também eram usados para lavar dinheiro de origem ilícita. Há indícios de que as lojas de conveniência e as administradoras desses postos, além de padarias, também participavam do esquema”, completou o órgão.

De acordo com o Ministério Público, “a organização criminosa PCC está associada a uma rede de organizações criminosas, cujos vínculos são estabelecidos de forma permanente ou eventual, e convergente, de modo a assegurar a efetividade das atividades econômicas ilícitas, notadamente por meio da sua inserção na economia formal, como é o setor de combustível e o sistema financeiro”.

Infográfico: Como funcionava o esquema bilionário do PCC no setor de combustíveis — Foto: Arte/g1
Um dos prédios alvos da megaoperação na Avenida Faria Lima, famoso centro financeiro do país — Foto: David Irikura/TV Globo
Viatura da PM participa de megaoperação em prédio na Faria Lima em São Paulo — Foto: David Irikura/TV Globo

Por: Isabela Leite, César Tralli, Bruno Tavares, GloboNews, TV Globo e g1 SP — São Paulo