Transição de cuidados e ILPI: funções e públicos distintos

Transição de Cuidados e ILPI: você sabe a diferença? Enquanto uma prepara para o retorno ao lar com suporte clínico, a outra é moradia permanente para idosos

Serviço de saúde para pacientes e moradia coletiva para idosos cumprem papéis complementares e devem ser reconhecidos por suas especificidades

As unidades de Transição de Cuidados (UTC) e as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) exercem papéis muito diferentes no atendimento à população. Enquanto a Transição de Cuidados é um serviço de saúde voltado à reabilitação e estabilização clínica, as ILPIs são moradias coletivas permanentes para pessoas idosas, com ou sem grau de dependência.

Transição de Cuidados: reabilitação e segurança pós-alta
Classificada como equipamento de saúde, a unidade de Transição de Cuidados destina-se a pessoas de qualquer idade que, após a alta hospitalar, ainda necessitam de acompanhamento clínico, reabilitação ou estabilização de condições crônicas. Seu objetivo é assegurar que o retorno ao domicílio ocorra de forma segura, com menor risco de complicações e reinternações.
Por ser uma etapa intermediária entre o hospital e o lar, o serviço oferece suporte médico, fisioterapêutico, nutricional, psicológico, fonoaudiólogo, enfermagem, terapeuta ocupacional e assistente social até que o paciente esteja apto a retomar a rotina. A atuação é feita por equipe multidisciplinar, com foco na reinserção social e funcional.
“Transição de Cuidados não se trata apenas de continuar um tratamento, mas de preparar o paciente e sua família para retomar a rotina com segurança, garantindo adesão terapêutica e prevenindo reinternações”, explica o Dr. André Tavares, geriatra e diretor clínico da YUNA, instituição especializada em transição de cuidados.

ILPI: moradia e cuidado permanente para pessoas idosas
As Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) são espaços residenciais destinados exclusivamente a pessoas com 60 anos ou mais, com ou sem dependência. Nesses locais, a pessoa idosa é moradora, não paciente, ainda que necessite de atenção básica à saúde. O foco está em oferecer moradia segura, alimentação adequada, convívio social e apoio nas atividades de vida diária.
De acordo com dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE em junho de 2024, aproximadamente 161 mil pessoas residiam em asilos ou outras instituições de longa permanência para idosos, o que representa 0,1% da população brasileira e 19,2% do total de moradores de domicílios coletivos (837 mil pessoas). É a primeira vez que o IBGE apresenta dados detalhados sobre esse público, permitindo traçar um perfil mais preciso da população institucionalizada.
“É fundamental que familiares, profissionais e gestores de saúde compreendam a função de cada um. Enquanto a transição de cuidados tem início, meio e fim, com metas clínicas de reabilitação ou cuidados paliativos, a ILPI é uma moradia definitiva, e seu foco principal é o bem-estar cotidiano”, complementa o Dr. André Tavares.Diferenças entre Transição de Cuidados e ILPI
Critério Unidades de Transição de Cuidados (UTC) ILPI (Instituição de Longa Permanência)

Objetivo Reabilitação e preparação para retorno ao domicílio Acolhimento de longa
duração com suporte
contínuo – lar
Permanência Temporária (curto ou médio prazo) Domicílio
Público-alvo Adultos e idosos após alta hospitalar, com potencial de reabilitação ou cuidados paliativos Idosos que optam por morar em residência coletiva
Enfoque assistencial Terapias multidisciplinares, funcionalidade, prevenção de reinternações Cuidado centrado na pessoa idosa
Equipe envolvida Profissionais da saúde:
médicos, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais,
fonoaudiólogos, psicólogos, nutrição,
enfermeiros, assistente
social, entre outros Cuidadores e equipe
multiprofissional, como
serviço social, educador
físico, arteterapeuta,
músicoterapeuta, nutricionista, terapeuta
ocupacional
Estrutura Ambiente clínico
especializado com foco em
reabilitação e cuidados paliativos Instituição residencial com
foco no cuidado centrado na pessoa idosa
Tipo de instituição Hospital de transição,
unidade de reabilitação ou
centro de cuidados pós-
agudos Entidade assistencial ou
residencial pública, privada ou filantrópica
Indicação Necessária indicação médica após avaliação hospitalar Por demanda espontânea, judicial ou encaminhamento social

O que dizem os estudos
Segundo a publicação Desospitalização e Cuidado Continuado: o papel dos hospitais de transição, realizada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) em 2023, a transição de cuidados é essencial para evitar reinternações e melhorar os desfechos clínicos, especialmente em pacientes com condições crônicas complexas. A ausência desses serviços fragiliza as linhas de cuidado e sobrecarrega hospitais agudos ou instituições inadequadas ao perfil do paciente.
O Observatório de Saúde Suplementar do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), na publicação Modelos de Cuidados de Transição no Brasil e no Mundo (2023), aponta que o cuidado de transição reduz em até 28% as taxas de reinternação hospitalar entre idosos com doenças crônicas, melhorando a coordenação entre os níveis de atenção à saúde e evitando complicações decorrentes de alta precoce ou sem planejamento.
Já em relação às ILPIs, o estudo Panorama das ILPIs no Brasil: Desafios e Perspectivas (Fiocruz, 2021) revelou que cerca de 78% dos residentes apresentam alto grau de dependência. A pesquisa também reforça a urgência de regulamentação e fiscalização adequadas para garantir padrões mínimos de qualidade, segurança e dignidade.
Além disso, relatório técnico do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, publicado em março de 2024, destaca que apenas 18% das ILPIs no Brasil são públicas — evidenciando um déficit de cobertura estatal e a relevância das entidades filantrópicas nesse acolhimento.

Sobre a YUNA

Transição de Cuidados e ILPI: você sabe a diferença? Enquanto uma prepara para o retorno ao lar com suporte clínico, a outra é moradia permanente para idosos

A YUNA, especializada em transição de cuidados, oferece suporte completo para pacientes de reabilitação, cuidados paliativos e continuados, atendimento individualizado e assistência multidisciplinar. Mais informações no telefone (11) 3087-3800 ou no site https://yuna.com.br/.

 

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