Os assassinatos são uma vingança pessoal de um chefe de gangue que acreditava que bruxaria causou a morte de seu filho, de acordo com o RNDDH.
Pelo menos 110 pessoas foram mortas no fim de semana em um dos bairros mais pobres da capital do Haiti, disse um importante grupo de direitos humanos, atribuindo os assassinatos a uma vingança pessoal de um líder de gangue local.
A Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH) disse no domingo que o líder da gangue Wharf Jeremie, Monel “Mikano” Felix, ordenou o massacre em Cite Soleil, uma grande favela em Porto Príncipe, depois que seu filho adoeceu.
Felix teria procurado conselho de um sacerdote vodu que acusou idosos da região de usar bruxaria para prejudicar a criança, que morreu na tarde de sábado.
Membros de gangues mataram pelo menos 60 pessoas na sexta-feira e 50 no sábado usando facões e facas, de acordo com o RNDDH.
Todas as vítimas tinham mais de 60 anos, disse o grupo de direitos humanos.
Falando a repórteres em Genebra na segunda-feira, o chefe de direitos humanos das Nações Unidas, Volker Turk, comentou sobre a violência deste fim de semana, estimando o número de mortos em 184.
“Só no último fim de semana, pelo menos 184 pessoas foram mortas em atos de violência orquestrados pelo líder de uma gangue poderosa na capital haitiana, Porto Príncipe, na área de Cité Soleil”, disse Turk.
A densamente povoada Cite Soleil está entre as áreas mais pobres e violentas do Haiti. O controle rígido de gangues, incluindo a restrição do uso de celulares, limitou a capacidade dos moradores de compartilhar informações sobre os últimos assassinatos.
Em outubro, a ONU estimou que a gangue de Felix contava com cerca de 300 pessoas e operava nas proximidades de Fort Dimanche e La Saline.
La Saline foi o local do massacre de pelo menos 71 civis em novembro de 2018, enquanto centenas de casas foram incendiadas.
O governo, abalado por disputas políticas internas, tem lutado para conter o poder crescente das gangues armadas na capital e nos arredores.
As autoridades haitianas solicitaram em 2022 apoio de segurança internacional para a polícia local, mas a missão – baseada em contribuições voluntárias – que a ONU aprovou em 2023 foi apenas parcialmente implantada e está gravemente subdesenvolvida.
Desde então, os líderes haitianos pediram que a missão fosse convertida em uma força de paz da ONU para garantir que ela fosse melhor abastecida, mas o plano fracassou em meio à oposição da China e da Rússia no Conselho de Segurança.
Cerca de 5.000 pessoas foram mortas no Haiti até agora neste ano, disse Turk, da ONU. Estima-se que 41.000 pessoas foram forçadas a fugir de suas casas somente nas últimas duas semanas, de acordo com a Organização Internacional para Migração (OIM).
No total, há mais de 700.000 pessoas deslocadas no Haiti devido ao conflito, diz a OIM.